Talibã muçulmano chicoteia e golpeia mulheres em Cabul, no Afeganistão
- Tiranossaurus Rex
- 6 de set. de 2021
- 2 min de leitura
A manifestação, impensável durante o governo do Emirado Islâmico do Afeganistão (regime talibã, entre 1996 e 2001), mobilizou pelo menos 50 mulheres.

Razia Barak Haidari, 26 anos, recebeu um soco na orelha, na manhã deste sábado.
A professora universitária, desempregada desde que o Talibã retornou ao poder, em 13 de agosto passado, contou ao Correio que sente muitas dores no ouvido e na cabeça. A agressão foi cometida por talibãs, que reprimiram um protesto organizado por ela.
"Eles usaram pistolas Taser (choques elétricos), spray de pimenta, gás lacrimogêneo e chicoteadas. Os talibãs nos cercaram e começaram a nos agredir", afirmou, por meio do Messenger e, depois, pelo WhatsApp.
Com cartazes e gritando palavras de ordem, elas se reuniram diante do Palácio Presidencial e do prédio do Ministério da Defesa, em Cabul, no 6º Distrito.
"Eles são violentos e sabem apenas como matar pessoas. Fomos ameaçadas de morte. Disseram-nos que fôssemos para casa ou atirariam contra nós", lamentou Razia, que não se intimida com a violência.

A afegã faz questão de se apresentar como ativista dos direitos das mulheres e feminista.
Pelo menos quatro manifestantes ficaram gravemente feridas — uma delas, Narjes, foi chicoteada na cabeça pelo Talibã e ameaçada de morte.
"O protesto começou às 9h (1h30 em Brasília, deste sábado).
Nosso objetivo foi exigir que as mulheres tenham direito ao trabalho e à vida social", explicou. "Nós não queremos ser transformadas em escravas.
Nós estudamos e todas somos ativistas sociais", acrescentou.
Ela acredita que protestos similares nas províncias de Herat e de Nimroz levarão as mulheres afegãs a lutar.
"Nós já estamos lutando.
O Talibã não tem respeito algum pelas mulheres, mas estamos lutando para sobreviver", desabafou Razia
A ativista teme que os talibãs comecem a executar manifestantes nos próximos dias.
"Na quinta-feira, duas professoras foram assassinadas por eles na cidade de Herat.
Os talibãs apedrejarão todas as afegãs ativistas e educadas.
Algumas serão colocadas sob prisão domiciliar", prevê.
Razia pede à comunidade internacional para que se simpatize com a causa das mulheres do Afeganistão.
"Nós não temos nenhum simpatizante, nem mesmo um governo que nos apoie", lamentou. "Pedimos ao mundo para que não reconheça o governo do Talibã."
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